quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

a nova paixão de leitura



"... Curiosamente, hoje, ouve-se muito o mar aqui dentro de casa. Mas não há vento, nem tempestade. Ouve-se a ressonância surda do rebentar das vagas, o ruído dos motores das traineiras. Sou um homem privilegiado, ouvir tudo isto ao entardecer, no entanto não estou alegre, nem me parece que seja feliz"

DIÁRIOS de Al Berto
14 de Janeiro 1984
Assírio e Alvim



Conheci a obra de Al Berto quando andava no 2º ano da Faculdade. Uma professora de Desenho pedia-nos um trabalho com base numa citação sua mas não quis identificar o autor. Subitamente a minha colega J.T. exclamou "Isso foi o meu tio que escreveu!". Todos achámos a situação curiosa e engraçada, a professora foi "desmascarada" e eu naquele instante senti uma certa vergonha por não saber quem era Al Berto. Raios que até sou colega da sobrinha dele e não conheço o homem de lado nenhum, pensei!
Fui pesquisar, claro! E logo nas primeiras palavras que tive oportunidade de ler, senti que tínhamos muito mais em comum que a J.T.!

Comprei os seus Diários lançados este mês pela Assírio e Alvim. Sempre tive um fascínio por diários e o dele não é de todo excepção. Tem passagens que acho sublimes. A que transcrevo em cima, bem podia ter sido eu a escrever.

Apesar de ter falecido um ano antes de eu ter tomado conhecimento de quem era, sinto que ele era um pouco de mim, ou eu sou um pouco dele, há algo em comum no olho dele e no meu. Revejo-me muito nas suas palavras. Há em mim um lado negro que bem posso chamar, o meu lado Al Berto.  



Vou continuar embrenhada...

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