segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

compaixão

Nestes dias de pausa, aconteceram muitos momentos de amor, de partilha, de silêncios contemplativos, de recarga de energias, de olhar ouvir e ver, de sentir e aconchegar.

Ouve também momentos em que, o confronto com o vazio, o não ter nada e a descrença me tocaram.
Tocaram é pouco! Fizeram-me estremecer e caír.

"Dás-me uma sopa que tenho fome". Dei.
"Agora dá-me um sorriso". E eu, pessoa de sorriso fácil, chorei. "Por favor dá-me um sorriso, senão não aceito a sopa". E eu dei. "Serás feliz como queres. Acredita." respondi. Depois fiquei em silêncio e vi-a descer a rua enquanto também limpava as lágrimas e olhava para o céu em agradecimento. Não consegui andar. Queria continuar a caminhar e não conseguia. Deixei de ouvir as pessoas, deixei de as ver, deixei de ouvir o som dos carros, as músicas de natal, o homem que tocava saxofone ao fundo! Deixei de ouvir, talvez de dor, de angústia, de ver a falta de brilho naquele olhar. Senti-me ser agarrada para cima e ouvi: "Vamos entrar aqui, anda". Subi os degraus levada pelo braço e entrei. Olhei os frescos no tecto, sentei-me e chorei. Chorei por ela, por muitos, por todos que tem aquele baço no olhar e também olhei para o céu. Olhei e perguntei: "será que não vês!?"

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