sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

eu conto que contes #1




Encontram-se no estacionamento perto da praia. O mar está relativamente calmo e o sol envergonhado, esconde-se atrás das nuvens.
Ele saí do carro dele. Ela saí do carro dela. Encontram-se ambos a meio do caminho. Abrandam os dois  e param a poucos centímetros um do outro. Em silêncio. Só o olhar deles conversa através do brilho. O silêncio deixa ouvir o bater do coração dentro do peito. Ele consegue ouvir o bater do coração dela, ela consegue ouvir o bater do coração dele. Os segundos parecem horas. Os olhos quase que não piscam. Se fosse um filme a câmara dava uma volta de 360º em torno deles em câmara lenta. Um grande plano dos lábios dela, semi abertos onde ela passa a língua muito devagar, como se quer nos grandes planos de lábios de uma mulher. A seguir o grande plano dos lábios dele. Imóveis. Ou pelo menos mais imóveis do que ele pensa que estão. A seguir o olhar. Continua brilhante e intenso, os segundos continuam a parecer horas e ela continua á espera que ele dê o passo que falta. Ele sai da personagem, sorri levemente e inicia o movimento de que tanto ela espera. Abre os braços e ainda em silêncio,  abraça-a. Ela fecha os olhos como sempre e cheira-o, como sempre. Apertam-se num abraço que parecem horas. Agora o coração dele bate do lado direito do peito dela e o coração dela bate no lado direito do peito dele. Agora mais do que nunca os dois corações batem ao mesmo ritmo. Ele fecha os olhos e cheira-a pela primeira vez. Nunca antes tinha tido essa coragem. Hoje não.  Hoje ele estava só ali. Estava ali só para ela. Estavam ali um para o outro. Nenhum dos dois se quer descolar daquele abraço. Querem os dois que o abraço dure horas. E está para durar.



*

(pode ser que continue)





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