Pessoalmente não ligo nada, nem acho de valor, ao dia da mulher. Para mim, dia da mulher é absolutamente todos os dias. Não vejo qualquer facto relevante de comemoração.
Está bem que reza a história de que as mulheres eram postas em terceiro e quarto planos, que não votavam até à relativamente pouco tempo, eu sei, eu sei, mas eu sou desta geração em que a mulher é o que quiser ser, nasci neste pontinho geográfico priveligiado também sei, que as coisas lá para a zona árabe não correm de feição... e pronto, nada a fazer.
O que me preocupa é que ainda existem muitas mulheres que não são o que querem ser!!
E pior que isto, os estereótipos!
Com a minha idade, eu já tinha que ser casada, ter 5 filhos, uma profissão consistente das 9h00 às 17h00 (sim! para ir buscar as crianças à escola, ao infantário, à natação, ao ténis e ao ballet!), provavelmente uma parelha de cornos e sorrir!
Que raios... sou fora da caixa!
Namorei 10 anos com uma pessoa que amava mas que nitidamente se me casasse seria infeliz (por motivos que não interessa explicar), desisti dessa relação e ainda há pessoas que me julgam infeliz.
Eu estava infeliz e não fazia a pessoa feliz, tinha que a deixar ser feliz com outra pessoa!
É claro que ninguém entendeu assim! "Ai, ai, que não casa com o rapaz. Tão bom moço!" E é sem dúvida! Eu é que não me sentia feliz e não o fazia feliz. Ponto.
Não tenho alguém na minha vida porque não quero ter relações assim assim! Não me satisfaço com o "qualquer coisa" e não tenho absolutamente problemas nenhuns em estar sozinha! Lá está: "Antes sozinha que mal acompanhada".
Ora um aviso à navegação: Acredito que
para ser feliz só preciso de mim!
Para ser mais feliz preciso de um grande amor!
Para ser ainda mais feliz preciso de um grande amor
vivido (porque já tive um grande amor que não vivi) e cúmplice. Ponto. A essência sou eu, sem mais ninguém. O resto é um extra (um muito bom extra, diga-se).
Lamento por mulheres que se anulam! Anulam-se por um homem, pelos filhos, pela vida! Deixam de ter personalidade própria, deixam de sonhar, de fazer simples coisas de que gostam ou gostavam. Lamento porque se tornam seres infelizes, ressabiadas e, por muito que isto me custe dizer (porque conheço muitas mulheres assim...), invejosas. Um perigo!
Há mulheres que dizem coisas espectaculares em relação aos homens como "mal com eles, pior sem eles"!!!!!!! Céus!!!!!!!! Não sabem SER! Isto arrepia-me todos os pêlos que tenho no meu corpo!
Sou só fora da caixa, não sou melhor nem pior!
Sou diferente.
Acredito no amor, mas não acredito na anulação. Há que saber viver em conjunto com gostos comuns, sonhos comuns e com as individualidades de cada um.
Depois, ao dia 8 de Março de cada ano, juntam-se todas em aglumerados de estrogénio, porque os maridos/namorados/namoridos lá as deixam ir "coitadinhas... aquilo é só gajas, não há perigo", jantam que nem umas loucas, bebem tudo o que lhes põem à frente que nem loucas, atacam os coitados dos empregados de mesa que miserávelmente têm que trabalhar nesse dia (para sustentar as mulheres deles que ficaram em casa!) e começam a brincar com vibradores, bandoletes com caralhetes espetados, bolos em formas de caralhetes e chupam palhinhas com tomatinhos pendurados e acham que estão a comemorar o Ser Mulher!
Em tempos, durante 2 ou 3 anos, também fui a jantares do dia da mulher. Mais para estar com as 850 primas (!) que tenho do que por qualquer outra coisa, mas cheguei à conclusão que não me enquadro lá. Não, não, obrigada! Se quiseres fazer um jantar só de mulheres para pôr o a conversa em dia, tudo bem... no dia da mulher não! Em qualquer outro dia do ano!
As mulheres à minha voltam sempre foram muito activas, independentes, com personalidade forte, apesar de todas as dificuldades por que passaram. Tive o privilégio de conhecer a minha bisavó (mãe do pai da minha mãe) que nasceu em 1900. Morreu quando eu tinha 10 anos e meio e posso dizer que valeu muito a pena conhecê-la! É claro que ela não entendia muita coisa do mundo moderno, respondia apenas com um
"... é mundo, filha..." Nunca criticava. Aceitava e vivia a vida dela, como ela sabia, sem criticar ninguém. Isto é coisa rara. A minha avó materna, que me criou até aos 10 anos, também era a mulher mais mulher que conheci! Independente! Ser Benfiquista ferrenha, Socialista por convicção e amar os filhos e netos como ninguém era a sua Santissima Trindade! Foi atriz num tempo em que ser atriz era ser "curista - com sentido prejurativo de puta do teatro" já depois de ser casada e ter 2 filhos (!) foi poeta num tempo em que "uma mulher lá sabe escrever!!!!" e foi Mulher! Esposa! Mãe e Avó.
Acredito que ser mulher é ser maior! Maior na esperança, na luta e sobretudo na resistência. Mas acredito também que ser mulher é ser independente, sonhar, lutar pelos sonhos e agir.
Tenho um grande orgulho em ser mulher.
Uma dúvida: Será que as lésbicas, comemoram o Dia da Mulher, ou isso é só para aquelas que precisam de por um dia, se libertar dos homens lá de casa??!??
Um beijo aos homens.
